A China está enfrentando o que provavelmente é o maior surto mundial de Covid-19 desde o início da pandemia, há quase três anos. As autoridades locais dizem que possivelmente 800 milhões de pessoas podem ser infectadas com o coronavírus nos próximos meses. E vários modelos preveem que meio milhão de pessoas poderiam morrer — talvez até mais do que isso.
“Recentemente, o vice-diretor do CDC da China, Xiaofeng Liang, que é um grande amigo meu, anunciou pela mídia que a primeira onda de Covid pode, de fato, infectar cerca de 60% da população”, disse Xi Chen, pesquisador de saúde global na Universidade de Yale e especialista no sistema de saúde da China à NPR. Em números, isso significa que cerca de 10% da população do planeta pode ser infectada até março de 2023.
O motivo para a grande onda de Covid na China é que a população local tem pouquíssima imunidade ao vírus, já que a grande maioria das pessoas nunca foi infectada. Até recentemente, o país manteve o foco em quarentenas massivas, testes e restrições de viagens — mesmo quando o resto do mundo já começava a voltar à normalidade (ou algo próximo a isso).
Embora dados oficiais indiquem que 90% da população chinesa esteja vacinada, isso não impede que ocorram infecções — espera-se, é claro, que a doença não se manifeste com tanta gravidade nos indivíduos imunizados. Ainda assim, as evidências de que a situação se agrava no país asiático começam a se acumular.
As notícias a respeito da lotação de hospitais e da forte procura por serviços funerários na China nas últimas semanas não deixam dúvidas de que a Covid-19 vem fazendo vítimas no país em grande escala. A Organização Mundial da Saúde (OMS), por sua vez, vem pedindo mais transparência do país a respeito da situação local.
Foto: Qilai Shen/Bloomberg/Getty Images | Reprodução NPR