A integração de sistemas é uma das principais preocupações dos gestores na hora de contratar um prontuário eletrônico. Afinal de contas, esse é um ponto fundamental tanto do ponto de vista administrativo (como o agendamento), quanto clínico (com acesso a facilidades como o envio e recebimento de resultados de exames, por exemplo) e, ainda, no que diz respeito à gestão de saúde (com dados estruturados que podem ser analisados em tempo real).
Neste artigo, vamos propor uma reflexão sobre o tema e destacar os principais pontos a serem levados em conta pelos gestores na hora de escolher seu software médico. Para isso, convidamos o CEO da Prontmed, Lasse Koivisto, dono de insights valiosos de quem vive a tecnologia no dia a dia.
Vem com a gente!
Entender qual problema se pretende resolver é o primeiro passo
Antes de pensar em integração de sistemas, é fundamental que as instituições de saúde tenham clareza a respeito do problema que precisa ser resolvido no setor. Cada vez mais, ter acesso a informação se torna algo decisivo na experiência que será oferecida ao paciente.
“Em geral, o ambiente de gestão tem pouco contexto a respeito do lado clínico do paciente, o que dificulta a compreensão a respeito da efetividade do que está sendo proposto a ele”, argumenta Lasse. “Será que o paciente realmente precisa disso que está sendo oferecido? Ou ele prefere ter acesso a outros recursos e informações?”, questiona.
A busca por mais eficiência, para ajudar um paciente a navegar melhor pelos diversos serviços de saúde, é um ponto de atenção importante, que impacta questões mais práticas como a integração de sistemas.
Interoperabilidade e a importância da integração de sistemas na saúde
Quando se fala em interoperabilidade, estamos falando de comunicação de informações entre sistemas. Na saúde, ela evita redundâncias, especialmente durante o atendimento, já que deixa de ser necessário solicitar ao paciente uma série de informações que já estão disponíveis em outros sistemas, devido a essa integração de sistemas.
Quer um exemplo? Imagine um paciente que consultou com um clínico geral, fez uma série de exames e recebeu a recomendação de procurar um especialista. Ao chegar para a nova consulta, seus dados clínicos estão disponíveis para o profissional de saúde que dará sequência ao tratamento, sem que ele precise explicar em detalhes todas essas questões.
“A interoperabilidade e a integração de sistemas ajudam a trazer mais informação para as instituições e profissionais de saúde. Assim, todos passam a ter mais contexto e, com base nisso, tomam decisões melhores”, avalia Lasse. Essas “decisões melhores” podem ser desde a forma como um possível diagnóstico será investigado até a prescrição de um medicamento, entre outros tipos de conduta médica.
Contar com um prontuário eletrônico que seja capaz de se comunicar com outros sistemas se torna essencial. Para isso, antes de tudo é preciso garantir que a terminologia usada esteja dentro de um padrão — como já ocorre a partir da TISS e da TUSS —, que a semântica clínica e os códigos usados por todos sejam os mesmos e assim por diante. “Precisamos garantir que todo mundo esteja falando a mesma língua”, resume o CEO. Ou seja, a interoperabilidade depende de uma série de passos anteriores para se tornar viável.
O que deve ser observado ao contratar um prontuário eletrônico, do ponto de vista da integração de sistemas?
Um prontuário eletrônico capaz de se integrar a outros sistemas é um prontuário conectado ao universo da saúde como um todo. Veja três pontos essenciais a serem observados, de acordo com Lasse Koivisto.
Pense no impacto da escolha para os usuários
Na hora de escolher o prontuário eletrônico, o gestor precisa pensar em quem serão os usuários do produto. O primeiro foco deve ser no profissional de saúde, porque se eles não se sentirem à vontade com o software médico, a experiência nem chegará aos demais atores desse processo — pacientes e gestores.
“O gestor deve ter cuidado para escolher o melhor produto, sem deixar de envolver a área clínica da sua instituição e de dar a eles a oportunidade de experimentar a tecnologia. De nada adianta o administrador gostar do prontuário se o profissional de saúde não usá-lo na prática”, argumenta Lasse.
Garanta que os dados possam ser extraídos na integração de sistemas
Também é fundamental garantir que os dados inseridos pelos profissionais de saúde no prontuário sejam facilmente extraídos e interpretados — inclusive com apoio de outros sistemas integrados, se necessário — para que, sistemicamente, cumpram sua função de dar contexto ao processo e facilitem a tomada de decisão.
Com base nessa capacidade de extrair e analisar dados, torna-se viável coordenar o cuidado ao paciente de forma muito mais efetiva, afinal, sabe-se em detalhes quais são as suas condições de saúde. “A partir desse momento, o dado clínico ajuda a calcular minimamente o desfecho clínico. Será que esse paciente está melhorando? A experiência está melhor? Há alguma meta a ser alcançada? E assim por diante”, explica o CEO.
Avalie se o prontuário ajuda o paciente a se engajar na saúde
Quando há integração de sistemas e os dados são estruturados, um prontuário eletrônico pode até mesmo ajudar os pacientes a se engajarem mais na própria saúde. Imagine o cenário de um hospital, por exemplo. Uma pessoa que iniciou seus cuidados de saúde na instituição e recebeu a recomendação de realizar mais exames pode ser incentivada a fazê-lo graças à forma como suas informações clínicas são usadas pelo próprio hospital. Calma, a gente já explica.
Como você deve saber, nem sempre os pacientes dão sequência aos tratamentos, mesmo com recomendação médica. Mas a partir do momento que a informação de que ele tem essa necessidade está disponível, o próprio sistema pode criar alertas e lembretes que o direcionem a continuar seus cuidados.
“A central liga e avisa: olha, vimos aqui que você tem recomendação de ir ao especialista X ou Y. Eu tenho cinco profissionais que fazem parte da minha rede de confiança para indicar. Quer ajuda para marcar a consulta? Então, acaba que o dado clínico, com essas integrações de sistemas, pode ajudar também nesse quesito”, detalha Lasse.
5 exemplos de integração de sistemas na área da saúde
Confira cinco exemplos práticos de integração de sistemas que não podem ser deixadas de lado pelos gestores de saúde na hora de optar por um software médico.
1. API de agendamento
É bem importante que um prontuário eletrônico tenha um sistema de agenda — ou, pelo menos, que tenha a capacidade para fazer a integração de sistemas a uma plataforma de agendamento. Até porque existem diversos modelos, desde a marcação feita em consultório pelas secretarias, até centrais de grandes instituições que recebem centenas de ligações por hora.
Um outro modelo a ser considerado é o de muitas instituições que contam com uma rede de médicos que disponibilizam horários livres para os próprios pacientes poderem agendar suas consultas. Por isso, um prontuário que tenha a capacidade de espelhar horários vagos na agenda pode ser interessante.
2. API de cadastro
Poder cadastrar informações do paciente — como os dados de contato, por exemplo — também é algo fundamental e que não pode ser ignorado. É com esse tipo de API que garantimos que os cadastros de pacientes sejam únicos e possam ser usados para integrar informação entre sistemas diferentes.
3. Integração com WhatsApp
Atrelado ao cadastro, também temos a integração de sistemas com WhatsApp como um ponto importante a ser considerado. Sabe-se que quase 100% da população brasileira usa o aplicativo de mensagens diariamente. Logo, não se deve ignorar seu potencial de uso na relação entre as pessoas e seus médicos.
Mais do que prescrições e solicitações de exames, o WhatsApp também pode ser usado para enviar atestados, encaminhamentos e confirmações de consultas, entre outros.
4. App do paciente
Uma instituição de saúde que deseje disponibilizar um aplicativo ou outro tipo de tecnologia com dados clínicos do paciente (para que ele mesmo possa visualizar e acompanhar sua saúde) também pode se beneficiar de um prontuário capaz de fazer a integração de sistemas. Dependendo do contexto, os dados clínicos inseridos no software médico pelo profissional de saúde podem ser disponibilizados aos pacientes em tempo real.
5. Integração com laboratórios
A integração com sistemas de laboratórios, para solicitação e recebimento de resultados de exames diretamente dentro do prontuário de forma estruturada, também é outro aspecto que facilita demais a vida dos profissionais de saúde — e não pode ser descartado pelos gestores. Sabe-se que os médicos precisam ser cada vez mais eficientes para otimizar os recursos de saúde. Por isso, tudo que os ajude a automatizar tarefas manuais e permita que seu foco seja direcionado ao atendimento dos pacientes deve ser levado em conta.
Chegamos ao final deste artigo. Esperamos que o texto tenha ajudado a esclarecer por que a integração de sistemas é tão importante na saúde e como o prontuário eletrônico deve estar preparado para que a interoperabilidade ocorra na prática.
Agora, que tal ler nosso post sobre o que o gestor de TI deve avaliar em um sistema de prontuário eletrônico?