Nos dias 24 e 26 de agosto de 2021, foi realizado o VI Fórum Internacional Asap, promovido pela Aliança para a Saúde Populacional. O evento, 100% online, reuniu autoridades e especialistas em saúde para debater temas variados, desde tecnologia e investimentos na saúde até mudanças epidemiológicas e reflexões a respeito do futuro.
A Prontmed também marcou presença no evento, com o CEO Lasse Koivisto moderando dois painéis. Um deles sobre fusões, aquisições e investimentos na saúde, com participação de Felippe Bento e Ricardo Ramos, e outro focado em estratégias de saúde digital, ministrado por Tiago Mattos.
Fórum debateu gestão da saúde populacional nas mais variadas esferas
O VI Fórum Internacional Asap trouxe uma série de debates relevantes sobre a gestão de saúde populacional. Seja dentro das empresas, seja na população em geral, os palestrantes trouxeram contribuições valiosas para o evento. Acompanhe!
Scott Wallace destaca a importância de entregar valor aos pacientes
A primeira palestra do VI Fórum Internacional Asap foi com Scott Wallace, cofundador e Diretor Administrativo do Value Institute for Health and Care na Dell Medical School (Estados Unidos). Wallace falou a respeito de como a missão do instituto é promover uma saúde baseada no relacionamento, em uma apresentação intitulada “Gestão de Saúde Populacional e Agenda de Valor: como essas agendas conversam?”.
“Os problemas relacionados à saúde populacional são muito semelhantes no mundo todo e a melhor solução é reunir as pessoas para que elas possam debater. Nossa meta no instituto é ajudar as pessoas a encontrarem as etapas a serem seguidas para começarmos a entregar uma saúde mais eficiente, solidária e efetiva para a população”, detalha.
Para o gestor, as dinâmicas de focus group são um método que não funciona se, ao reunir os pacientes, o objetivo é entender suas dores, sendo mais eficiente investir na ideia de Experience Group — o que já é uma prática no Value Institute. Neste caso, a diversidade de pacientes também não é algo que ajude no entendimento de suas necessidades. É preciso envolver participantes que tenham características similares, pois é essa empatia entre eles que faz com que as pessoas se abram para falar de seus verdadeiros desafios. E, a partir dessa interação, compreender o problema a ser resolvido se torna mais fácil.
Wallace ainda ponderou que a saúde baseada em valor não é um modelo único a ser seguido, mas sim parte de um conjunto de formas de pensar. “É isso que pode ajudar a gerir essa transformação na forma de atender pacientes”, definiu.
Cristiane Jourdan ressalta a importância de otimizar recursos na gestão de saúde
Outra palestra do primeiro dia do fórum, intitulada “Políticas de Gestão de Saúde Populacional”, foi a da diretora da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), Cristiane Jourdan. A gestora destacou a importância de trazer eficiência e melhoria da qualidade da saúde com recursos limitados.
“Otimizar recursos é o objetivo, mas como fazer isso? É preciso desenvolver um planejamento de gestão de saúde, em busca de um cenário ideal, no qual fazemos um diagnóstico dos problemas e propomos soluções. Neste diagnóstico, entendemos as características populacionais, identificamos programas a serem aplicados e priorizamos ações”, afirmou Cristiane. A diretora ressaltou, ainda, a importância dos programas de prevenção e implementação de tecnologia na gestão da saúde da população.
“TI é o principal caminho para aumentar a eficiência no setor da saúde. Dados dos pacientes são essenciais para entender as características da população. Infelizmente, o país não possui um ecossistema integrado de dados. A adoção de um prontuário único que reúna todas as informações do paciente, em um só documento, representaria um ganho enorme para a saúde dos indivíduos”, refletiu.
Debate reúne exemplos de gestão da saúde em empresas
No segundo dia do VI Fórum Internacional Asap, a palestra “Transformação da Gestão de Saúde Populacional nas Empresas” reuniu Fernando Viriato de Medeiros, vice-presidente de Talento e Cultura da AccorHotels na América do Sul, e Tom Gubanc, diretor de Vendas, Mercado e Network Services da Cleveland Clinic (EUA), com moderação de Joshua Snowden-Bahr, diretor de Contratos Globais da Cleveland Clinic.
Tom Gubanc começou sua fala abordando os 100 anos de atividades da Cleveland Clinic e as conquistas da instituição em um século de vida. “Uma das conquistas que começamos há alguns anos atrás foi oferecer serviços para os empregadores. Temos o programa cardíaco número 1 dos Estados Unidos por 27 anos seguidos. Mas mais do que a experiência médica, nos preocupamos com toda a vivência do paciente em Cleveland, inclusive sua estadia na cidade. Temos muitos hotéis dentro do nosso campus. E trabalhamos com eles para oferecer a melhor experiência possível aos pacientes quando eles vêm fazer uma cirurgia ou receber algum tratamento”, destacou.
Já o programa Executive Health, como o próprio nome diz, foca na saúde de executivos de grandes empresas. A partir da prevenção de doenças, especialmente as cardíacas, os pacientes da Cleveland Clinic têm menores índices de mortalidade e baixa necessidade de novas cirurgias, entre outros procedimentos.
Fernando de Medeiros falou sobre os programas voltados à saúde das equipes dos hotéis Accor. “Temos visto aumento do sedentarismo e da resistência das pessoas em fazer atividades físicas, então temos trabalhado nisso nos últimos anos”, observou. O gestor ainda tocou num ponto fundamental: programas voltados à atividade física precisam ser consistentes para que tenham grande adesão.
“Dois terços dos nossos funcionários (pesquisa feita em fevereiro de 2020) confirmaram que eles conhecem o programa e as ações que estavam em curso em nossos hotéis. No total, 73% deles aderiram a pelo menos uma grande ação para mudança de hábitos. E os focus groups que realizamos revelaram que as ações provocaram pelo menos uma grande mudança na vida das pessoas”, resumiu o gestor.
Marcelo Morales, do MCTI, destaca pesquisas realizadas nos últimos meses
Marcelo Morales, secretário de Pesquisa e Formação Científica do Ministério da Ciência e Tecnologia e Inovações, destacou em sua palestra o trabalho que vem sendo realizado nos últimos anos pelo MCTI. De 2020 para cá, o foco tem sido em estratégias e ações para combater a Covid-19 no Brasil. Mas o trabalho no ministério vai além, e inclui a produção de vacinas contra a dengue, Chikungunya e outras doenças. “Apenas no combate à Covid-19, foram investidos R$ 1,05 bilhão pelo MCTI”, destacou o secretário.
Médico e ex-ministro da Saúde, Nelson Teich fala sobre mudanças epidemiológicas
Um dos palestrantes do VI Fórum Internacional Asap foi o médico e ex-ministro da Saúde Nelson Teich, que falou a respeito de mudanças epidemiológicas e da importância de o país se preparar para enfrentá-las. “Precisamos falar em sustentabilidade, em custos crescentes no segmento. Temos tendência de novas doenças surgirem, com uma entrada cada vez maior no sistema de doenças chamadas de ‘raras’ e ‘ultrarraras’, ou seja, aquelas que surgem em um a cada 50 mil habitantes. É algo que pode atingir 6% da população mundial e cerca de 13 milhões de pessoas apenas no Brasil. Então, não é tão raro assim”, alerta Teich.
O médico ainda destacou a importância da inovação na saúde, mas ponderou que ela é uma ferramenta, e não um fim em si mesma. “A inovação aumentou muito, mas com que sabedoria vamos usar isso de forma inteligente? Não podemos tratar o paciente demais e nem ‘de menos’, e sim na medida certa. A inovação também demanda recursos humanos mais qualificados”, salientou.
“Não adianta ter uma máquina de última geração se não tiver um profissional de última geração. Caso contrário, o que vamos ter é uma medicina mais eficiente, mas para um número cada vez menor de pessoas e uma desigualdade grande. Esse talvez seja nosso maior desafio hoje. Vamos ter uma saúde cada vez melhor, e na mão de bons profissionais isso é algo espetacular. Mas se chegar a poucas pessoas, é motivo de preocupação e até tristeza”, analisou.
CEO da Prontmed Lasse Koivisto modera duas palestras no fórum
A Prontmed marcou presença no VI Fórum Internacional Asap com a participação do CEO Lasse Koivisto como moderador de duas palestras. A primeira delas ocorreu no dia 24 de agosto, com o título “Fusões, Aquisições e Investimentos na saúde e seus impactos na Gestão de Saúde Populacional”, ministrada pelo líder de negócios de médias empresas no Investment Banking do Itaú BBA, Felippe Bento. Ricardo Ramos, presidente da Asap e diretor médico da Itech Care, também participou como moderador.
Ramos falou sobre a tendência de fusões e aquisições na saúde em todo o mundo, propondo uma reflexão sobre qual é o impacto desse movimento na entrega de valor em saúde. Bento argumentou que a manutenção da qualidade é um dos pontos considerados pelos compradores.
“O que ele vai fazer com a empresa, que muitas vezes é um grupo com 30, 40 anos de tradição? Não só a parte quantitativa conta, como também a parte qualitativa, de como o negócio será tocado adiante. Especialmente quando é uma transação de compra de 100% do negócio. Então, preservar a qualidade também é algo analisado e considerado”, afirmou o especialista.
Lasse perguntou a respeito da visão de Bento sobre os objetivos de consolidação das fusões e aquisições da saúde, no aspecto de tecnologia e até outros mercados. O palestrante entende que não apenas consolidar o mercado, mas também ampliar o ecossistema de serviços é algo relevante para os investidores.
“Ser mais eficiente e ter um ecossistema de serviço mais completo é um dos principais motivadores. As empresas querem diversificar sua atuação e aumentar sua presença, podendo oferecer todas as soluções que os pacientes precisam. Assim, a tecnologia precisa estar aliada à eficiência e qualidade para agregar valor à saúde”, detalhou Bento.
Na palestra de encerramento do VI Fórum Internacional Asap, “Estratégias de saúde digital: o que vem pelo futuro”, Lasse apresentou o palestrante Tiago Mattos, cofundador da Aerolito e “investigador de futuros”. O profissional abordou quatro insights sobre revolução na saúde:
- contexto digital acelerado — no qual tudo que puder ser digitalizado, automatizado, personalizado e distribuído, será;
- inversão temporal — na qual as mudanças estão cada vez mais aceleradas, ou seja, o “futuro chegará” antes do que se imagina;
- segurança psicológica — na qual as pessoas se sentem confortáveis para fazer perguntas e tirar dúvidas sem serem ridicularizadas, ignoradas ou culpabilizadas;
- letramento para o futuro — na qual se exige um preparo para adaptabilidade, flexibilidade, resiliência e antifragilidade.
Perguntado por Lasse a respeito de como aplicar essas ideias no dia a dia, Tiago admitiu que essa questão também o aflige, mas apontou um caminho. “Para mim, as coisas começam a mudar quando a cultura muda. E o que é cultura? É o que você faz quando ninguém te pede ou te obriga”, resumiu.
O palestrante ainda indicou três obras para entender as mudanças pelas quais o mundo vem passando e que devem se acentuar cada vez mais: “Tribal Leadership”, de Dave Logan, John King e Halee Fischer-Wright, “A Organização Sem Medo”, de Amy C. Edmonson, e “Full Spectrum Thinking”, de Bob Johansen (ainda não disponível em português).
Esperamos que você tenha gostado do nosso resumo do VI Fórum Internacional Asap. Foram dois dias de valiosas conversas com autoridades e especialistas renomados do mercado de saúde brasileiro e global, que geraram insights e provocações para quem atua na área — seja como profissional de saúde, seja como gestor.
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