Ao fim de cada ano, surge uma série de tendências e previsões para o ciclo seguinte. No mundo da tecnologia, que vive em constante evolução, isso não é diferente. E quando incluímos nesse mix a saúde digital, cujo cenário é de ebulição nos últimos anos, é inevitável parar para analisar o que vem pela frente.
Neste artigo, compilamos algumas das principais tendências e previsões para 2022 no que diz respeito à saúde de forma geral — mas com a tecnologia inevitavelmente incluída, já que está cada vez mais difícil separar uma coisa da outra. A partir de conteúdos de fontes altamente confiáveis, como Deloitte, Carenet Health e Forbes, entre outras, listamos alguns dos principais pontos de atenção para profissionais e gestores de saúde no novo ano que vem batendo à nossa porta.
Conforme relatou o CSO da Carenet Health, Steve Harstad, em entrevista ao Yahoo, “antes da pandemia, a saúde como um todo reagia às novidades com lentidão. Agora, os consumidores estão empoderados. O mar está virando e há urgência onde antes não havia”. Ou seja, 2022 será um ano de virada para a experiência dos pacientes em todas as áreas da saúde.
E você, quer se preparar para a nova onda da saúde digital? Leia nosso artigo para saber mais.
1. Crescimento das soluções de telemedicina e saúde digital
Em artigo na Forbes, a Dr.ª Anita Gupta, da escola de medicina da Universidade Johns Hopkins (EUA), destacou o crescimento das soluções de telemedicina como uma das tendências de saúde digital para 2022. Com as mudanças no cenário do segmento — promovida, em parte, pela pandemia de Covid-19, — os provedores de saúde vêm, cada vez mais, usando a tecnologia para melhorar os resultados aos pacientes.
O gerenciamento de doenças crônicas é um dos pontos mais relevantes neste contexto. A telemedicina, apoiada por dispositivos e sensores remotos, pode ajudar no acompanhamento de pacientes a distância. A tecnologia é capaz de coletar dados dos sinais vitais do paciente e associá-los ao seu prontuário e histórico médico, além de outras informações pessoais.
Embora o cenário ainda seja desafiador, levando-se em consideração que muitos pacientes preferem tratamentos presenciais, novas formas de uso da telemedicina serão encontradas, acredita Gupta.
2. Manutenção do impacto da Covid-19 na saúde
Em artigo do Pharmacy Times, o professor da Universidade de New Jersey, Dr. Deepali Dixit, fala a respeito do impacto da Covid-19 na saúde, especialmente no setor farmacêutico. No texto, ele defende a ideia de que isso continuará ao longo de 2022.
“A pandemia de COVID-19 trouxe desafios que sobrecarregaram o sistema de saúde e exigiram maior flexibilidade na cooperação e maior responsabilidade de todos os prestadores de cuidados de saúde essenciais, incluindo farmacêuticos”, afirma Dixit. “Em 2022, provavelmente haverá evolução contínua e expansão do papel dos farmacêuticos, com o seu reconhecimento como trabalhadores de linha de frente na luta contra o COVID-19”, complementa.
Os profissionais de farmácia estão diretamente envolvidos em pesquisas em torno da doença, seja para a melhoria das condições de tratamento de pacientes em recuperação, seja na busca por novas vacinas e medicamentos que atenuem o impacto da pandemia.
A saúde digital também se relaciona com o trabalho dos farmacêuticos no cenário da Covid-19. Os profissionais da área têm utilizado clínicas virtuais para ajustar os medicamentos e educar seus pacientes. “Os resultados de um estudo recente mostram que, no início de 2020, 0,1% das consultas de cuidados primários foram realizadas usando telessaúde, mas esse número aumentou para 43% em três meses por causa da pandemia”, descreve o pesquisador.
A expectativa é de que esse crescimento continue em 2022, inclusive com o alinhamento das estratégias virtuais das provedoras de saúde, levando-se em conta as necessidades crescentes do mercado.
3. Saúde verdadeiramente centrada no paciente
O presidente do GHI Fund, Bill Taranto, assina artigo no Tech Crunch, no qual defende a ideia de que a inserção do paciente no centro dos tratamentos médicos deve ocorrer de forma mais “verdadeira” com o avanço da saúde digital.
“Veremos o mercado reconhecer a importância dos pacientes e colocá-los no centro dos cuidados. As empresas bem-sucedidas serão aquelas que mudarão a forma como os pacientes interagem com o sistema de saúde, construindo toda a sua operação em torno da experiência do paciente e garantindo que eles recebam o melhor atendimento pelo melhor preço”, argumenta Taranto.
De acordo com o especialista, essa melhor experiência do paciente deve incluir:
- a oferta de serviços de valor agregado, como ferramentas de agendamento online, que tornam mais fácil a marcação de consultas pelos pacientes;
- soluções interativas que orientam os pacientes para a consulta certa, com o provedor certo, baseado em suas necessidades;
- dar às pessoas maior controle sobre suas decisões de saúde e permitir que elas compartilhem os benefícios financeiros dessas decisões.
4. Aceleração da inovação em biotecnologia a partir da análise de dados
Em seu já citado artigo na Forbes, a Dr.ª Anita Gupta também destaca que, à medida que nossa compreensão da genética e das doenças evolui, a área de ciências biológicas passa a depender cada vez mais da análise de dados. “Os dados podem ser usados para melhorar o desenvolvimento de medicamentos e os processos de fabricação, identificando padrões nos resultados dos estudos de ensaios clínicos, e prevendo a resposta do paciente aos medicamentos”, afirma.
Por meio do machine learning, foi possível “treinar” computadores para reconhecerem padrões distintos, que indicam como um paciente irá metabolizar determinado medicamento. Assim, torna-se possível prever com maior precisão a eficácia da droga em questão.
Isso ajuda, por exemplo, a prever se um determinado tratamento será efetivo — o que é particularmente útil em áreas como a oncologia e a neurologia. “Ainda existem desafios para colocar a inteligência artificial em prática em muitas empresas, mas progredir durante 2022 é possível com os parceiros certos”, completa Gupta.
Os dados são a nova moeda do setor da saúde, conforme a consultoria Deloitte já havia anunciado há alguns anos. Isso tem ficado cada vez mais claro a cada ano.
5. Melhores resultados e redução de custos com monitoramento remoto de pacientes
No item 1, falamos sobre como o monitoramento remoto de pacientes com o suporte de sensores e outros gadgets é uma das tendências de saúde digital para 2022. No entanto, há outro ponto a ser destacado: a melhoria dos resultados e a redução de custos que isso traz para o segmento.
Como os dispositivos médicos hoje são menores e mais poderosos, capazes de coletar grandes quantidades de dados, eles podem medir e monitorar diversos indicadores, em praticamente qualquer área terapêutica. Esse ganho de escala permite reduzir custos e melhorar os resultados de seu uso.
O impacto também deve ser visto nas empresas farmacêuticas. “Por exemplo, os dados de monitoramento remoto podem ser usados para informar a pesquisa clínica sobre a descoberta de medicamentos, facilitando o desenvolvimento mais rápido de vacinas e novos tratamentos. Além disso, os dados de monitoramento remoto podem ser usados para pintar um quadro mais completo do histórico médico de um paciente. Esses dados podem, então, ser analisados para identificar as pessoas que estão em alto risco”, argumenta Bill Taranto, em seu já citado artigo no Tech Crunch.
O mercado global de monitoramento remoto de pacientes foi avaliado em US$ 975 milhões em 2020. Até 2027, esses números devem chegar a US$ 3,24 bilhões.
6. Dispositivos vestíveis (wearables) cada vez mais populares
Ainda em 2019, o CEO da Apple, Tim Cook, disse que a principal contribuição da empresa para a sociedade ainda não tinha sido vista — e que ela estaria na área da saúde. Os dispositivos vestíveis (wearables) têm muito a ver com isso.
A Apple já lançou o seu relógio inteligente, o Apple Watch, que inclusive recebeu autorização do FDA (Food and Drugs Administration, agência governamental dos EUA que regula o setor) para ser usado como um dispositivo médico. Outras empresas, como Oura e Fitbit também vêm investindo pesado no setor.
Em 2015, o FDA estimava uma economia de US$ 100 bilhões em saúde com o avanço tecnológico. Em 2022, essa realidade está mais próxima do que nunca.
Além de todos os tópicos destacados aqui, há diversas outras tendências para a saúde em 2022 — acompanhe mais detalhes pelos links distribuídos ao longo do texto. Ainda assim, procuramos salientar alguns dos temas mais relevantes para a área e mostrar como a saúde digital já é uma realidade.
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