Um dos temas mais quentes na área da saúde nos últimos anos, o desfecho clínico tem ganhado importância nas discussões entre profissionais e gestores do segmento. Muito disso está atrelado ao papel que a tecnologia vem desempenhando na saúde, de dar suporte à medição de resultados na jornada do paciente.
Neste artigo, vamos falar um pouco sobre o conceito de desfecho clínico, sua relação com a saúde baseada em valor e, é claro, trazer alguns exemplos de como a tecnologia já vem impactando a área.
Comece a leitura agora mesmo!
Afinal, o que é desfecho clínico?
Na definição do National Health System (NHS), sistema de saúde público britânico, os desfechos clínicos são mudanças mensuráveis na saúde, função ou qualidade de vida que resultam dos cuidados prestados aos pacientes.
Já o Consórcio Internacional para Medição de Desfechos de Saúde (ICHOM) define desfechos clínicos como “os resultados do tratamento com os quais os pacientes mais se preocupam”. Esses resultados, no entanto, não são definitivos, e sim desfechos do dia a dia — como o nível de dor que um paciente suporta, por exemplo. “Quanto tempo após o tratamento um paciente com dor lombar pode esperar para voltar ao trabalho?” é uma pergunta cuja resposta pode ser um desfecho clínico, por exemplo.
Outra forma de explicar o conceito é dizer que os desfechos clínicos se caracterizam pela coleta de informações, tanto qualitativas quanto quantitativas, em toda a jornada do paciente, seja a partir de uma visita ao consultório médico, de uma cirurgia ou até mesmo após o fim de um tratamento específico.
Aliás, esse “fim” é bastante relativo, já que a revisão constante desses desfechos é importante por estabelecer padrões para melhorar continuamente todos os aspectos das práticas de saúde.
Como o desfecho clínico é medido?
Ainda de acordo com o NHS, os desfechos clínicos podem ser medidos por dados, como as taxas de readmissão hospitalar, por exemplo — que, no caso, indicam que o paciente ainda precisa de cuidados. Outro exemplo são as escalas médicas, que servem como forma de monitorar e acompanhar um paciente com uma doença crônica, cujo desfecho não é necessariamente a “cura” — a escala de risco cardiovascular é um bom exemplo.
Esses desfechos podem ser registrados pelos administradores das instituições de saúde ou pela própria equipe clínica: médicos, enfermeiros, psicólogos ou profissionais de saúde de outras áreas, como fisioterapeutas e nutricionistas, por exemplo.
Há uma corrente da saúde que defende a ideia de que as medidas de desfecho clínico também podem ser relatadas pelos pacientes e suas famílias. Elas são chamadas de Patient-Reported Outcome Measures (PROMs) — em português, medições de resultados relatados pelo paciente.
Os PROMs são considerados importantes porque fornecem uma avaliação da saúde a partir da visão do paciente e de sua percepção de qualidade de vida relacionada à saúde. Para muitos, o ideal é um misto de dados referidos com dados aferidos. Há estudos na área da antropologia que falam que o paciente nem sempre é 100% verdadeiro em seus relatos, daí a importância de confrontar esses dados com uma análise médica efetiva.
Você pode saber mais sobre a medição de desfecho clínico e sobre PROMs no primeiro episódio do Prontcast, com o médico Rafael Munerato. Ouça no YouTube (abaixo) ou na sua plataforma favorita — Spotify, Deezer ou Apple Podcasts.
Quais os tipos de desfecho clínico?
É difícil enumerar todos os tipos de desfecho clínico. Afinal, cada especialidade os trata de uma forma específica. Além disso, cada caso individual também pode demandar um encaminhamento diferente.
Por exemplo, na área da gastroenterologia, há desfechos clínicos específicos. Imagine um paciente com uma doença inflamatória do intestino. É necessário observar se houve remissão ou avanço, necessidade de cirurgia, entre outros fatores. Coletar dados a respeito desses desfechos é fundamental para compreender o cenário atual e projetar o futuro.
O rastreio de câncer de intestino em idosos também é uma forma de desfecho clínico. Existem diretrizes para a realização de pesquisa de sangue oculto nas fezes e até mesmo a realização de colonoscopia, dependendo da idade e do sexo do paciente.
A endocrinologia é outro exemplo de área da saúde em que acompanhar os desfechos clínicos é importante. Um estudo revelou que o hipotireoidismo insuficientemente tratado pode piorar desfechos hospitalares.
Quais os seus benefícios para o paciente, profissionais e instituições de saúde?
Os desfechos clínicos são fundamentais para a saúde como um todo, pois impactam a vida de pacientes, o atendimento dos profissionais de saúde e a gestão das instituições. Saiba mais!
Evidências para melhoria do serviço e garantia de qualidade das operações
Um dos principais benefícios dos desfechos clínicos é proporcionar evidências para que os serviços de saúde se qualifiquem. Um tratamento X é realmente eficiente? Quem sabe uma alternativa possa dar melhor resultado? Se uma ideia Y funciona bem em determinada região, por que não ser replicada em outra? São essas evidências que podem direcionar o tipo de cuidado a ser oferecido.
Maior transparência na prestação de contas
Quando se estabelece padrões para manter a melhoria contínua dos serviços de saúde, fica claro para todos os envolvidos os investimentos necessários. Assim, a prestação de contas também tende a se tornar mais transparente, especialmente para instituições que tenham acionistas e também aquelas que integram a rede pública.
Mais informação para fazer escolhas sobre os cuidados de saúde
Os desfechos clínicos também ajudam os pacientes a se informarem melhor a respeito dos possíveis caminhos a serem seguidos em um tratamento de saúde. Dessa forma, podem tomar melhores decisões, sempre com suporte clínico.
Melhores dados para tomada de decisões de financiamento
Os desfechos clínicos geram uma quantidade significativa de dados, sejam eles clínicos ou administrativos. Se coletados de forma estruturada, podem servir como base para melhores decisões clínicas, é claro, mas também para que o melhor caminho financeiro seja seguido.
Além desses benefícios, há outras vantagens que podem ser citadas, como melhor estruturação de processos internos das instituições, proporcionar indicadores clínicos para cada linha de cuidado, maior visibilidade do paciente ao médico e aumento do grau de satisfação e fidelização de pacientes.
Veja mais detalhes no artigo assinado pelo Clinical Intelligence Scientist Senior da Prontmed, Nélio Borrozzino, publicado no Medscape.
Qual a relação entre desfecho clínico e saúde baseada em valor?
Ainda em seu artigo no Medscape, Borrozzino apresenta o conceito de saúde baseada em valor, que pode ser definido como “uma iniciativa de reestruturação dos sistemas de saúde, com o objetivo global de ampliar o valor para os pacientes, conter o aumento de custos e oferecer mais conveniência e serviços a todos os envolvidos no processo”.
Assim, é natural estabelecer uma relação entre desfecho clínico e saúde baseada em valor — e não é à toa que esses conceitos têm sido tão comentados na área da saúde nos últimos anos. De acordo com o especialista da Prontmed, os desfechos clínicos “se configuram como uma variável importante para agregar valor percebido ao contato com a medicina”. Além disso, eles auxiliam o médico em sua tomada de decisão e a compreender a real situação do paciente dentro e fora do consultório.
Como a tecnologia ajuda a obter um bom desfecho clínico?
Como já mencionamos neste artigo, os desfechos clínicos geram dados. Esses dados precisam ser coletados e administrados da melhor forma, para que os resultados apareçam e pacientes, profissionais e instituições de saúde observem seus benefícios na prática. Veja alguns exemplos.
Metodologia ICHOM
A já mencionada ICHOM conta com um metodologia própria, considerada um padrão de excelência global, para medição de desfechos clínicos. A partir de questionários específicos para cada patologia, torna-se possível fazer o acompanhamento e a medição dos resultados observados pelos pacientes. O material está disponível para download no site da ICHOM (é necessário se tornar membro do consórcio para ter acesso).
Inteligência Artificial
A inteligência artificial também vem sendo usada no contexto dos desfechos clínicos. A partir da coleta de dados e do uso de ferramentas apropriadas, torna-se possível “prever” determinadas ocorrências ou avaliar a probabilidade de uma determinada doença surgir. Essa possibilidade se torna ainda mais forte quando se usa um software médico com dados estruturados.
Prontuário eletrônico com dados estruturados
Falando nisso, um prontuário eletrônico com dados estruturados, como o Prontmed Hub, também é uma excelente opção para registro e armazenamento das informações relacionadas a desfechos clínicos, tanto para consultórios quanto hospitais, clínicas, laboratórios e outras instituições da área. Com essa tecnologia, torna-se possível não apenas oferecer um atendimento mais qualificado ao paciente, mas também fazer a gestão da saúde populacional de forma muito mais eficaz.
Nosso artigo chegou ao fim, mas a discussão em relação ao tema continua. Afinal, desfecho clínico é um tema de grande relevância para todo mundo na área da saúde, trazendo impactos diretos para pacientes, profissionais e instituições de saúde.
Por isso, fica aqui o convite: compartilhe o artigo nas suas redes sociais para que o diálogo continue!