A Organização Mundial da Saúde definiu, em 2013, uma classificação internacional para segurança do paciente. Ela surgiu alguns anos após a discussão ter iniciado de maneira mais formal, com a publicação do relatório “To Err is Human: Building a Safer Health System”, do Institute of Medicine (IOM), no ano 2000.
Na época, os pesquisadores do IOM identificaram que 100 mil pacientes morriam anualmente nos hospitais estadunidenses em função de “eventos adversos”. Ou seja, a causa dos óbitos não estava relacionada às doenças que levaram à sua hospitalização, e sim a falhas durante o tratamento.
A prevenção quaternária também vem crescendo nos últimos anos, e seu conceito tem tudo a ver com segurança do paciente. Afinal, o tema diz respeito à tomada de ações para identificar o paciente em risco de “supermedicalização”. O objetivo é protegê-lo de novos procedimentos invasivos e sugerir aos profissionais de saúde intervenções eticamente aceitáveis.
Neste artigo, vamos abordar o conceito da OMS para segurança do paciente, as metas internacionais relacionadas ao tema e, ainda, falar sobre como a tecnologia pode ajudar na busca por esses objetivos — o que faz todo o sentido na era da saúde 4.0.
Vem com a gente?
Afinal, o que é segurança do paciente?
De acordo com a OMS, segurança do paciente significa reduzir o risco de danos desnecessários associados aos cuidados de saúde a um nível mínimo aceitável. Esse “mínimo aceitável” diz respeito às noções coletivas de conhecimento atuais, aos recursos disponíveis em cada situação e ao contexto do atendimento, comparado ao risco de o tratamento não ocorrer.
Além do número significativo de vidas perdidas anualmente para eventos adversos, os prejuízos financeiros derivados da falta de segurança do paciente também são preocupantes. O relatório “To Err is Human” apontou, na época, perdas de 2 bilhões de libras ao ano no Reino Unido com o prolongamento de hospitalizações. Questões legais relacionadas a essas internações demandaram outros 400 milhões de libras anuais do sistema de saúde britânico.
Embora esses números tenham caído pela metade em anos recentes, estima-se que é possível prevenir 50% dos eventos adversos nos hospitais britânicos. Isso abre espaço para melhorias significativas no que diz respeito à segurança do paciente. Os dados são do estudo “The Economics of Patient Safety”, publicado pela Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), em 2017.
Para aumentar a conscientização sobre o tema, a OMS instituiu o dia 17 de setembro como o Dia Mundial da Segurança do Paciente. Em 2021, o tema da campanha foi a atenção segura à mãe e aos recém-nascidos.
No Brasil, o Documento de Referência para o Programa Nacional de Segurança do Paciente, lançado pelo Ministério da Saúde, Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) e Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) em 2014 aborda os aspectos fundamentais acerca do assunto.
6 metas internacionais de segurança do paciente
As metas internacionais de segurança do paciente têm o objetivo de ajudar instituições a seguir os cuidados necessários no atendimento de saúde. Essas metas podem variar, dependendo do programa de acreditação do qual cada instituição faz parte.
A seguir, destacamos as 6 metas estabelecidas pela Joint Commission International. Acompanhe!
1. Identificação correta dos pacientes
Seguir protocolos rigorosos de identificação dos pacientes é o primeiro passo para oferecer um atendimento de saúde seguro. Em geral, o uso de pulseiras com o nome do paciente e outros dados complementares (como nome da mãe e data de nascimento) é suficiente para evitar maiores problemas no ambiente hospitalar. Além disso, é importante que os profissionais de saúde verifiquem a pulseira antes de qualquer procedimento, especialmente quando a pessoa a receber o atendimento está inconsciente.
Mas e no ambiente ambulatorial, como isso funciona? Também é essencial garantir que o cadastro do paciente no prontuário esteja correto. Com isso, é possível assegurar que as informações do atendimento médico estão ligadas ao paciente correto.
2. Comunicação eficaz
A comunicação entre os profissionais de saúde envolvidos nos cuidados do paciente deve ser eficaz, seja de forma oral ou escrita. O preenchimento de prontuários, relatórios, fichas de anamnese e outros documentos deve ser claro, sem deixar margem para dúvidas. Em caso de comunicação oral, todos os profissionais que fazem parte do atendimento devem se certificar de que as informações foram compreendidas.
3. Mais segurança na administração de medicamentos de alta vigilância
Outra meta internacional relacionada à segurança do paciente diz respeito à correta administração dos chamados medicamentos de alta vigilância. Essas são medicações geralmente administradas em ambientes hospitalares, e que podem provocar sérios danos à saúde dos pacientes em caso de erros em sua aplicação.
Entre as medidas recomendadas para qualificar o processo estão a identificação desses medicamentos (e dos locais de armazenamento) com etiquetas específicas, além de cuidados na prescrição, com destaque para o tipo de medicação e seus riscos.
4. Garantia de segurança cirúrgica
Usar os equipamentos adequados, em um ambiente apropriado para a realização da cirurgia, é fundamental para garantir a segurança do paciente. Os profissionais de saúde envolvidos também devem se comunicar de maneira eficaz (o que remete à segunda meta) durante o procedimento.
5. Redução de riscos de infecções associadas aos cuidados de saúde
A higiene das mãos é o principal ponto a ser abordado na busca por reduzir os riscos de infecções durante atendimento clínico e ambulatorial ou procedimentos cirúrgicos. Mas há outras recomendações relacionadas a essa meta, como o monitoramento dos antibióticos ministrados durante o tratamento, o correto manuseio de cateteres e outros materiais que possam provocar infecções, e o devido isolamento entre pacientes, sempre que necessário.
6. Redução de riscos de lesões nos pacientes em função de quedas
As quedas em hospitais, clínicas e outros ambientes relacionados à saúde são uma preocupação, e devem ser evitadas a todo custo. Por exemplo: impedir que obstáculos atrapalhem a circulação, garantir que acompanhantes estejam próximos para apoiar os pacientes e controlar doses de medicações que provoquem tontura.
Como a tecnologia ajuda a garantir a segurança do paciente?
Além dos pontos já abordados no artigo, a transformação digital na saúde também é uma realidade, e com ela estão chegando novas formas de ajudar os profissionais da área a garantir a segurança de seus pacientes. Confira alguns exemplos práticos:
- prontuário eletrônico — muitas plataformas contam com dados estruturados e clicáveis, que evitam o preenchimento equivocado de prescrições medicamentosas, por exemplo. A integração com laboratórios também garante que os exames estarão associados ao paciente correto. Sem falar na possibilidade de que os dados do paciente podem ser acessados por outros profissionais de saúde com quem ele busque atendimento, desde que tenha sua autorização, o que possibilita uma comunicação eficaz e diagnósticos mais precisos;
- telemedicina — consultas via plataformas de telemedicina evitam que um paciente com dificuldades de locomoção ou com baixa imunidade se exponha a riscos ao sair de casa;
- suporte à decisão clínica — tecnologia que permite um atendimento mais completo, com uma visão global da saúde do paciente, a partir de consultas a bancos de dados atualizados com conteúdo médico.
A importância de preservar a segurança dos dados do paciente
Há outro aspecto bem importante relacionado à segurança do paciente que, embora não faça parte da classificação internacional da OMS, não pode ser desconsiderado. Afinal de contas, em um mundo cada vez mais digital — inclusive com as consultas podendo ser realizadas por meio da telemedicina —, é fundamental estar atento à proteção aos dados dos pacientes.
Mais do que um cuidado com as pessoas que confiam seus dados aos profissionais de saúde, oferecer essa proteção é uma obrigação legal, regida pela Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD). Em vigor desde 2020, a lei entrou em um novo estágio em agosto de 2021, com a aplicação de multas e sanções aos profissionais de saúde e de outras áreas que não a cumprirem — faça o download de nosso e-book sobre o assunto para saber mais detalhes.
Usar a tecnologia é meio caminho andado para garantir a segurança dos dados dos pacientes, especialmente um prontuário eletrônico aderente à LGPD, com criptografia e padrão de segurança bancária, como o Prontmed Hub.
Neste artigo, buscamos esclarecer os detalhes e as metas internacionais relacionadas à segurança do paciente, uma classificação internacional da OMS que busca não apenas garantir o melhor atendimento possível às pessoas, como também evitar perdas para hospitais e outras empresas do setor. Esperamos que você tenha gostado!
Será que todos os profissionais de saúde estão atentos em relação ao assunto? Ajude-os a saber mais a respeito! Compartilhe esse post nas suas redes sociais para aumentar a visibilidade do tema.