Em vigor desde 2012, a Resolução Normativa (RN) nº 305 da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) determinou a implantação da Troca de Informações na Saúde Suplementar, mais conhecida pela sigla TISS. Trata-se de um padrão para a organização dos dados dos beneficiários de planos de saúde privados.
Além da TISS, há outro padrão a ser obrigatoriamente usado no setor: a Terminologia Unificada da Saúde Suplementar (TUSS). Como o próprio nome deixa claro, ela diz respeito às terminologias utilizadas em documentos que adotam o Padrão TISS.
Como os nomes são parecidos, pode haver alguma confusão ao se falar de TISS e TUSS no dia a dia. Mas estamos aqui para te ajudar. Além de conceituar cada um dos padrões criados pela ANS, vamos relembrar a história de sua criação, destacar suas vantagens e, é claro, detalhar como se comportam em um prontuário eletrônico.
Vamos começar aprendendo mais sobre a TISS? Confira já!
O que é TISS?
De acordo com o documento “Padrão TISS — Componente Organizacional 2021”, a TISS tem a finalidade de:
- padronizar as ações administrativas de verificação, solicitação, autorização, cobrança, demonstrativos de pagamento e recursos de glosas (recusa de pagamento);
- subsidiar as ações da ANS de avaliação e acompanhamento econômico, financeiro e assistencial das operadoras de planos de saúde privados;
- compor o registro eletrônico dos dados de atenção à saúde dos beneficiários de planos privados.
Em outras palavras, a TISS tem a função de padronizar a forma como ocorre a troca de dados entre as empresas que oferecem planos de saúde e a ANS, órgão que regula as atividades no setor. Porém, além da TISS, há outro ingrediente essencial nesta receita: a TUSS, sobre a qual falaremos em breve.
Breve histórico da TISS
A necessidade de criar um padrão para a troca de informações e dados já existia há muitos anos no setor de saúde. Porém, foi apenas em 2003 que estudos mais focados nessa demanda começaram a ser desenvolvidos.
Após quase uma década de trabalho para a implementação da TISS, a RN 305 passou a valer em 9 de outubro de 2012. A resolução estabeleceu o padrão obrigatório para troca de informações na saúde suplementar, direcionado aos beneficiários de planos de saúde privados. Desde então, a TISS é uma realidade no país.
Em fevereiro de 2021, foi publicada uma nova versão do Padrão TISS por parte da ANS. As principais alterações dizem respeito à atualização das terminologias de materiais e OPME, medicamentos e forma de envio de procedimentos e itens assistenciais para a agência reguladora.
Quais os agentes envolvidos na TISS?
Os agentes envolvidos na TISS são:
- operadoras de planos de saúde privados;
- prestadores de serviços de saúde (como laboratórios, por exemplo);
- contratantes de planos de saúde privados familiares ou individuais, ou ainda de planos coletivos por adesão e coletivos empresariais;
- beneficiários de planos de saúde privados, seus responsáveis legais ou terceiros formalmente autorizados;
- a própria Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS).
O que é TUSS e qual sua relação com a TISS?
Se a TISS é a maneira como os dados devem ser organizados para encaminhamento à agência reguladora, a TUSS diz respeito ao conteúdo a ser incluído neste formato padrão. Os dados devem ter uma terminologia específica e padronizada, para que a comunicação seja mais eficiente entre operadoras e ANS.
As terminologias definidas na TUSS são divididas em quatro categorias principais:
- procedimentos médicos;
- diárias e taxas;
- materiais e medicamentos;
- órteses, próteses e materiais especiais.
Como já mencionamos neste artigo, desde 2012 é obrigatório usar a TISS como padrão de formato. Já a TUSS surgiu ainda antes, e é o padrão de terminologia usado em todo o Brasil desde 2009. Porém, em 2012 a RN nº 190 foi revogada em função da aprovação da RN nº 305, que passou a valer como a única legislação referente ao tema.
Por que o Brasil adotou o padrão de TISS e TUSS na saúde?
Há uma série de razões para adotar padrões como TISS e TUSS, sempre com o foco central em melhorar a experiência dos pacientes e aumentar a eficiência dos serviços de saúde.
Entenda quais são alguns dos principais benefícios de contar com padrões para a formatação de dados de saúde.
Evitar atraso no atendimento
Fazer a solicitação de um exame com um dado fora do padrão usado por um laboratório, por exemplo, pode levar a atrasos no atendimento de pacientes. Com os padrões TISS e TUSS, o acesso a exames, procedimentos ou outros tipos de atendimento em saúde ocorre de forma mais ágil.
Melhorar a relação com fornecedores
Imagine esse mesmo laboratório tendo dificuldade de atender seus pacientes porque o padrão adotado por uma operadora de saúde na hora solicitar um exame é diferente do utilizado internamente.
A adoção de um padrão nacional ajuda a facilitar o entendimento entre os diversos atores desse processo — e, consequentemente, a melhorar o relacionamento entre eles. Como resultado, os pacientes recebem um atendimento de mais qualidade.
Evitar dados desatualizados, incompatíveis ou pouco fidedignos
Contar com uma padronização tanto na forma como no conteúdo das solicitações feitas entre operadoras e demais fornecedores de serviços de saúde também é importante por outro fator: evitar que dados errados — seja por desatualização, incompatibilidade ou baixa confiabilidade — sejam usados e abasteçam o sistema de saúde.
Isso é essencial tanto do ponto de vista individual do paciente quanto sob um aspecto mais universal, já que os dados em saúde alimentam agências e outros órgãos responsáveis por definir políticas que afetam toda a população.
Reduzir erros e custos
Os padrões ajudam a reduzir erros no preenchimento de guias — como a SADT, por exemplo — tornando a realização de procedimentos mais rápida e eficiente. Como consequência, os custos também são reduzidos, já que os serviços são autorizados com maior agilidade e a reprovação de solicitações tende a diminuir.
Quais vantagens o prontuário eletrônico oferece em relação a TISS e TUSS?
Profissionais de saúde que atendem pacientes por meio de convênios ou, até mesmo, de forma particular, mas com reembolso do valor da consulta pelo plano de saúde, devem conhecer os padrões TISS e TUSS. Além disso, aqueles profissionais que contam com secretárias no atendimento inicial também precisam esclarecer o assunto a elas.
Acompanhe alguns dos benefícios de usar a tecnologia para lidar com TISS e TUSS!
Agilidade no atendimento inicial das secretárias
É importante adicionar os convênios e planos atendidos pelo profissional de saúde no prontuário eletrônico. Afinal, essas informações são necessárias para a validação do processo, e há um ganho de agilidade ao usar a plataforma para isso.
Dependendo do plano, há situações em que a secretária precisa entrar no site do convênio e adicionar todos os dados para, finalmente, poder liberar a realização da consulta — o que pode ser um processo demorado e improdutivo. O prontuário eletrônico ajuda a evitar esse desgaste.
Automatização da inclusão da TUSS no prontuário digital
Além disso, a própria configuração geral do prontuário eletrônico já dá a opção de incluir o código TUSS para cada procedimento, medicamento, material ou outro item. Assim, quando uma consulta é agendada, a plataforma já “entende” qual TUSS deve ser utilizada, o que agiliza o processo e garante a adesão aos padrões estabelecidos.
Inclusão do código TUSS na impressão de guias de exames
O prontuário eletrônico também adiciona o código TUSS em guias de solicitação de exames de forma automática, para que o paciente leve o material para o laboratório ou outro prestador de saúde dentro do padrão vigente.
Geração e gerenciamento de lotes TISS
Um bom prontuário digital ainda oferece a geração de lotes TISS, o que facilita o processo de faturamento das consultas junto às operadoras. O gerenciamento dos lotes também pode ser feito pela plataforma, com busca por tipo de lote, operadora, unidade e data de atendimento.
Outras vantagens de fazer a gestão do consultório pelo prontuário
Além disso, há outros benefícios para a gestão do consultório no uso de prontuários eletrônicos, como o Prontmed Hub. Um deles é a personalização de tipos de consulta e procedimento a cada plano atendido. Por exemplo, se o profissional realizar determinados procedimentos quando atender por uma operadora, mas não os fizer quando atender por outra, o sistema ajuda a limitar o acesso e a evitar erros.
Também é possível pré-configurar valores diferentes para consultas presenciais e via telemedicina. Há, ainda, uma funcionalidade que bloqueia a realização da primeira consulta de forma remota, caso o profissional assim deseje.
Esperamos que nosso artigo tenha deixado claros os conceitos de TISS e TUSS e como esses padrões devem ser bem conhecidos tanto pelos profissionais quanto pelas secretárias. Afinal, além de obrigatórios, eles facilitam muito o entendimento das solicitações e a relação entre profissionais de saúde, laboratórios, clínicas, hospitais e outros prestadores de serviços do setor.
Agora que você já sabe tudo sobre TISS e TUSS, que tal conferir nosso artigo sobre outro tema fundamental? Leia nosso post sobre a guia SADT!